A Octopus Head lançou recentemente seu primeiro trabalho em parceria com a Abraxas, intitulado “Jahaz- The Remasters”, em todas as plataformas de streaming. O material é uma repaginação do EP “Jahaz” lançado originalmente em 2017, onde foram regravadas todas as guitarras base com doses extras de fuzz e todos os instrumentos foram remixados e remasterizados a partir das tracks originais.
A banda que é oriunda da nebulosa e industrial São Bernardo do Campo, cidade da grande SP, foi formada em 2012 por 5 amigos fãs de death metal procurando uma nova sonoridade baseada em bandas dos anos 70, como Black Sabbath e Grand Funk Railroad. No processo de desenvolvimento de sua música descobriram o stoner rock, estilo da qual bebem da fonte até hoje e adicionaram elementos de um antigo amor do grupo, o rock progressivo, ao peso e distorção já conhecidos do metal em suas vertentes mais pesadas.
Conversamos com a banda sobre sua trajetória, influências musicais, processo de composição, entre outras curiosidades. Confira!
De onde surgiu esse nome "Octopus Head"? O que levou a banda a esse nome?
De 2012 a 2018 a banda se chamava apenas Octopus, tiramos esse nome de uma variedade de Cannabis que o pai de um amigo da banda produzia e tinha o nome de Curandeiro Polvo ou Octopus Healer. Gostamos da idéia do polvo por ser um animal quase alienígena e associamos a ideia de estarmos chapados com nossa cabeça ficar mole e maluca como um polvo. Infelizmente existem muitas bandas com o mesmo nome e para nos diferenciarmos decidimos por adicionar o Head por conta dessa associação que fizemos e como uma homenagem aos Devoradores de Mente, personagens do jogo de RPG Dungeons & Dragons.
Como se deu o surgimento da banda?
A banda surgiu em 2012 com o fim de um projeto de 4 anos focado em Death/Thrash Metal, três membros dessa banda (Daniel Marchi, Mega e Thiago Wallkicker) se uniram a outros dois amigos músicos (Gabriel Piotto e Damiã Guilhen), formando a Octopus Head com o intuito de unir o peso do metal que já vinha sendo praticado aplicado à uma roupagem mais setentista. A adição de elementos de Stoner, Prog e Doom foi gradual e natural por conta dos nossos experimentos químicos e musicais.
A banda relançou recentemente um ep via Abraxas. Como foi o processo de composição e gravação desse material?
Originalmente o ep Jahaz foi composto entre 2014 e 2016 como resultado direto do nosso primeiro trabalho, o full length Neptune, então podemos dizer que o Jahaz é uma extensão musical e temática do que tratamos em nosso primeiro lançamento.
A diferença principal do ep é que tentamos ousar mais no sentido de efeitos e influências e deixamos que outros elementos soassem mais que nossas influências a lá Slayer, mas com elas ainda presentes.
A gravação se deu por conta de termos ganho o concurso Aposta The Wave 2016, promovido pelo estúdio The Wave Music Place. Decidimos por registrar uma abertura e três sons que mostrassem nossa fase de transição. Originalmente a produção do disco foi feita pelo nosso grande parceiro Yukio Hara e rolou em meados de 2017.
A grande questão para fazer a remasterização foram as guitarras que nunca nos agradaram, principalmente, devido aos pedais que dispunham os na época. Decidimos em 2019 por refazê-las utilizando nosso atual equipamento no finado estúdio Let It Be e finalmente demos a roupagem que gostaríamos pro Jahaz. É legal citar que toda produção da remaster ficou por conta da própria banda com nosso guitarrista Gabriel Piotto chefiando o processo.
O ep lançado foi muito bem recebido. Como que a banda está vendo esse feedback tão positivo do material lançado?
Só temos a agradecer pela segunda chance que nos deram de mostrar essas músicas da forma como gostaríamos que elas fossem escutadas.
Suas Músicas demonstram intensidade e entrega por parte da banda. Existe alguma composição que seja mais especial para vocês?
A Moonjuice é especial em vários sentidos, mas principalmente pelo seu tema. A música fala do uso abusivo de medicamentos prescritos e retrata uma situação vivida por um membro da banda que quase acabou mal. Achamos importante falar sobre o tema, principalmente pelo problema ter sido gerado por um erro médico e representa um caso de vício em uma substância prescrita e legalizada, o que leva a uma discussão mais profunda sobre o que pode realmente lhe causar mal quando usado de forma errada. Assim como, a fronteira tênue entre o abuso e o uso terapêutico de calmantes.
O ep como um todo trata da questão das drogas, Jahaz (Throw this Bong) fala sobre o uso positivo de plantas como forma de enxergar seu interior, Moonjuice foi o comentado problema do vício em medicamentos prescritos e Sober Sailor analisa a sobriedade forçada. A Octopus Head acredita que o diálogo sobre as drogas deve ser cada vez mais promovido, pois está diretamente ligado à saúde mental das pessoas, segurança pública e institucionalização de vidas humanas.
Quais as bandas e fontes artísticas que inspiram o som da banda?
Podemos dizer que nossas pedras base são Black Sabbath, Blue Cheer, Kyuss, Voivod, Acid Bath, Pantera, Pink Floyd e King Krimson. Mas nossos gostos musicais são amplos, escutamos de Faith No More a Funk Carioca e de certa forma tudo influencia. Porém, as bases têm que ser bem sólidas para promover o tipo de som que pretendemos produzir.
Como que vocês estão lidando com a pandemia de covid 19? Que tipo de interação a banda está tendo com o público nesse momento de quarentena?
Aproveitamos a pandemia para organizar as coisas, como lançar os últimos materiais que temos com nosso antigo vocalista, Thiago Wallkicker, que incluem o ep Jahaz e um ao vivo. Além disso estamos compondo nosso próximo single que será primeiro trabalho da Octopus Head como um quarteto, com nosso baixista (Mega) assumindo os vocais, além da composição do nosso próximo full que já tem até nome.
Tentamos sempre manter uma comunicação que seja minimamente interessante para quem nos escuta via redes socias, tomando cuidado principalmente em nossos conteúdos políticos e visuais que sempre foram uma marca registrada da banda, pensamos que isso é uma boa maneira de convidar nosso ouvinte a escutar de novo nossos sons e incitar quem está chegando a conhecer o que temos de melhor a oferecer. Um exemplo foi a campanha que fizemos sobre a depressão e seus desdobramentos com base em nosso último clipe, Noonday Demon, bem como nossa divulgação dos serviços prestados pelo CVV (Centro de Valorização da Vida).
Quais os planos para 2020?
Em outubro temos o segundo lançamento com a Abraxas, o álbum ao vivo “Depressed, but Alive”, que contém uma faixa inédita e ainda conta com nosso antigo vocalista, deste modo encerramos o material que produzimos juntos.
Só voltaremos a fazer shows quando for seguro para quem gosta do nosso som ir curtir a noite sem colocar a si e sua família em risco. Porém, assim que as composições de nosso novo single forem finalizadas partiremos para a gravação o quanto antes, pois queremos que as pessoas saibam logo o que é a Octopus Head como um quarteto e tudo que podemos oferecer com nossa evolução musical!
Só temos a agradecer a oportunidade que nos foi dada pela Abraxas, o suporte da Collapse Agency e a força que recebemos constantemente daqueles que gostam da nossa música e acreditam e apoiam nosso som!
Fonte: Collapse Agency.
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