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Entrevistas

Freesome

5 de agosto de 2019

A Freesome é um quarteto de música autoral e original, esteticamente influenciada pelo rock dos anos 60 e 70, com referencias no blues, acid jazz, indie, grunge e stoner rock. Anteriormente a banda se chamava THREESOME.

Formada por: Juh Leidl (vocal), Fred Leidl (guitarra/piano/vocal), Bob Rocha (baixo) e Henrique Matos (bateria).

Entrevista com Freesome - Entrevistas - Arrepio Produções - Patos de Minas/MG

A Threesome surgiu em Campinas/SP em 2012. Nos fale mais sobre o início de tudo.

Juh Leidl - Tudo surgiu do empenho do Fred Leidl. Ele já estava há alguns anos compondo músicas e tentando reunir músicos para voltar aos palcos. Surgiu um núcleo embrionário com amigos que se reuniam de finais de semana para tocar.
Dessa gig saíram os primeiros integrantes do que viria a ser a Threesome e depois Freesome.
O projeto inicial da Freesome começou em 2012. Durante o ano de 2012-13 fizemos as buscas e audições de músicos para compor a formação da banda,preparação de material para lançamento de um álbum, o Get Naked, e para shows
inteiramente autorais. Em 2014 lançamos o álbum e começamos a fazer shows promovendo essas músicas. De cara convidamos o Bob Rocha que também participava das nossas gigs e sempre apresentou um trabalho sólido e um super
talento para linhas de baixo. Para compor uma “cozinha” perfeita encontramos Henrique Matos. A história de como o conhecemos por si só já é uma saga digna de muitos parágrafos, mas resumindo muito, vimos o Henrique colocar um bar abaixo reencarnando o Keith Moon de maneira assustadora e impecável, ficamos muito impressionados e depois de quase um ano de buscas finalmente ele era o baterista da Freesome, na época o apelidamos de “Rick Moon”. Para guitarra solo,
trabalhamos inicialmente com o Victor Marques por um ano mais ou menos quando entrou o Bruno Manfrinato que atuou até o fim de 2018 antes de mudar de país.

Com letras maliciosas e inspirada em bandas dos anos 70/80, como é misturar relações humanas com Rock/Blues/Jazz?

Juh - O estilo, a composição, os arranjos são totalmente naturais, jamais direcionamos ou moldamos pra encaixar o trabalho em um estilo ou conjunto de influências. Tudo acontece de maneira muito livre e segue a intenção da letra ou a
letra da harmonia e em cima disso procuramos entender que sonoridade e abordagem aquela composição em particular pede.
Claro que todos temos mais ou menos a mesma idade e influências musicais. Os gostos são bem parecidos e aí é que a química acontece e vira música. Quando esse processo é bem-sucedido, mesmo fazendo um blues, depois um hard e depois um jazz, ainda mantemos a personalidade da banda que ao final das contas posso chamar de compromisso com a arte. Temos uma grande preocupação em sermos verdadeiros não importa em que estilo. Acho que isso nos salva do emaranhado.
Sobre os temas e relações humanos, criamos músicas com temas eróticos, mas temos material para pelo menos mais três cds já compostos entre letras, só bases e outras letra e base e não ficamos presos só em sexo. Falar sobre temas eróticos é uma maneira de explorar a liberdade de pensamento, de normas e a banda tem tanto isso em comum, essa busca pela liberdade que nos possibilita fazer músicas com temas fora do nosso padrão, com estilos fora do nosso, como Crawling que é um jazz e nos permitimos inclusive mexer em músicas já gravadas ao invés de só lançar novas, como aconteceu no EP “Keep On Naked”. Nesse mood de "mashup” de estilo o que nos importa é fazer coisas que gostamos.
Uma das nossas principais influências são os Beatles que foram totalmente revolucionários em seus álbuns,com misturas mais que inusitadas, eles lá atrás, já mostraram que não precisamos fazer 11 músicas com a mesma cara pra mostrar personalidade. Temos sempre a preocupação de não fazer um setlist, ou um álbum que seja chato ou ainda previsível, a gente não quer que o público se “acostume” com o som, com a sequência de notas, de recursos, a gente quer que ao ouvir a Freesome o público se surpreenda e fique com sensação de “COMO ASSIM JÁ ACABOU?”.

 

Recentemente vocês regravaram algumas faixas do "Get Naked" no "Keep On Naked". My Eyes é é inédita, nos fale mais sobre o processo de gravação do EP?

Juh - Com a saída do ex-integrante dividimos as músicas entre os vocais do Fred Leidl e os meus e nessa mudança veio a necessidade de refazer os arranjos,principalmente nas músicas que saíram do vocal masculino para o feminino. Como
“Every Real Woman” era nossa música de abertura de show e de maior visibilidade, optamos por colocá-la no EP. Em relação a “Sweet Anger”, foi uma necessidade que tínhamos de mudar a música. Adorávamos a letra, mas o arranjo
não nos empolgava na hora de tocar. Antes de qualquer coisa nós precisamos gostar e curtir tocar a música e com o novo arranjo tudo ficou perfeito!
Falando sobre a captação, mix e master, diferente do primeiro álbum, trabalhamos com o Maurício Cajueiro como produtor e fizemos tudo em seu QG, o Cajueiro Áudio. Foi uma das melhores experiências de nossas vidas como músicos. O
Maurício Cajueiro é aquele tipo de profissional que não precisa nem falar nada, só a presença calma e assertiva dele já faz a sua mente se abrir. Junte isso a uma capacidade e sensibilidade extrema de entender a proposta da banda, a linguagem
natural de cada um dos músicos e ele extrai e conduz tudo isso sem colocar seus gostos pessoais, mas o que a música pede dentro da estética da banda. É um maestro, um mestre e a cada gravação com ele em seu estúdio Cajueiro
aprendemos muito, mas muito. Além de ser uma pessoa super educada e agradável, um músico incrível antes de mais nada. Uma ótima cia dentro e fora da sala de gravação.

Bruno Baptista saiu da banda e a Juh Leidl assumiu os vocais, qual a impressão da banda nessa mudança?

Juh - Acho que ter que repensar e remodelar as músicas para acomodar os novos vocais, tanto meus como os do Fred que são totalmente diferentes do estilo do Bruno, nos fez olhar para as músicas por outra perspectiva. Temos recebido ótimas
críticas, aliás, o que nos assusta, até agora nada negativo em relação ao EP e sempre com essa percepção de crescimento da banda por parte dos veículos que o analisam, bem como nosso público que também adorou o novo trabalho e os novos
vocais. Como estou totalmente inserida no contexto, fica mais difícil perceber essa evolução. O que sinto e fica bem claro, acredito que a saída do Bruno acabou contribuindo como um dos fatores de uma grande mudança. Atualmente os gostos
musicais e as influências estão um pouco mais em uníssono, não temos o menor problema em soar mais pesado ou agressivo e era algo que vinha incomodando o antigo vocalista. Quando começamos a desenvolver o material para lançar os EPs(temos mais um pra sair esse ano) e o novo álbum que deve vir entre final de 2020 e começo de 2021 nosso processo de composição e arranjo já estava diferente, com todos muito mais presentes e trabalhando intensamente não só em cima do seu instrumento, mas no geral de cada faixa. E claro, trazendo mais essa energia, até um toque de agressividade, mas sem medo de ser feliz rsrs. Tudo isso talvez seja o conjunto de fatores que se faz presente no amadurecimento da banda.

Quais expectativas a banda tem a médio prazo?

Juh - Estamos trabalhando feito loucos! Lançamos uma versão de “Badlands” para um tributo ao AC/DC e julho/agosto de 2019 acredito que saia nossa versão de“Perfect Strangers” do Tributo Deep Purple ambos de um selo da Inglaterra.
Estamos há alguns meses trabalhando duro em cima das faixas que irão entrar no próximo EP. A princípio serão 4, todas inéditas e vamos ter muito peso mas também uma outra faceta da banda que vamos tentar mostrar (não vou dar spoiler
hehe). Já começamos a montar os arranjos, estão super trabalhosos e tirando o nosso sono, mas tenho certeza que irão gostar!
Pretendemos organizar uma série de shows para o lançamento do EP, então isso também está no circuito.
Com poucos recursos nem sempre conseguimos produzir tudo no tempo que gostaríamos, não temos como ficar inseridos dentro de um estúdio ou uma casa na montanha compondo e arranjando tudo de uma vez, mas dentro do possível a banda se mantém na super atividade.

Fazer rock autoral e manter uma banda no Brasil é difícil. Quais pontos podem melhorar para uma maior divulgação do artista?

Juh - Sinceramente, não sei também... o mercado da música mudou demais com a revolução das plataformas digitais, as sequências de lançamento não apresentam mais uma regra ou fórmula que garanta um sucesso, e o rock é um estilho que cada vez mais tem seu mercado esvaziado. Os espaços para promoção de bandas novas são pouquíssimos e totalmente underground. Ainda acho que a internet é a melhor saída atualmente.

Entrevista com Freesome - Entrevistas - Arrepio Produções - Patos de Minas/MG

Juh Leidl, vocalista, pintora e jurada de programa. Como você consegue conciliar tudo isso?

Juh - Não consigo rs!!! Brincadeira, sim, é bem complicado porque estou em um projeto e as vezes preciso parar pra responder a alguma demanda de outra coisa no meio do caminho. Enfim... Mas ao mesmo tempo eu não saberia fazer uma coisa só todo santo dia. Rotina é algo que me destrói, não suporto. E poder transitar entre as artes me faz aprender muito, me obriga a perceber melhor certas coisas, a abrir a mente em vários aspectos então tenho certeza que uma atividade sempre complementa ou enriquece a outra.

Falar das relações humanas/sexo é interessante, mas o público está preparado para digerir um tema tão complexo?

Juh - A arte tem o poder e a chance de tocar temas que nem sempre são confortáveis, ou, ainda, pelo menos fazer com que exista reflexão, se não através dela como tirar o indivíduo do lugar comum, do cabresto, da norma sem consciência? Justamente numa época em que até parece que voltamos aos tempos medievais, levantar certos questionamentos ou assuntos passa a ser necessário até. Não nos preocupamos em fazer algo que não traga ruídos ou não incomode a
moral e os bons costumes.O rock por si só já é transgressor, nasceu assim, e é o que gostamos de fazer.

Nos fale mais sobre a composição, quem faz, tem regra para compor?

Juh - Atualmente todos, literalmente. O Henrique muitas vezes traz ideias de riffs de guitarra mesmo sendo baterista, o Fred as vezes dá ideia sobre alguma linha de baixo, o Bob já sugeriu elementos pra batera, eu já sugeri mudança de dinâmica ou letras. Enfim, no início a composição principalmente em relação as letras, ficava muito preso entre o Fred, o Bruno e eu, mas o Fred fez de tudo pra mudarmos essa dinâmica, começou a levar trechos pra dentro dos ensaios, e passamos a fazer da sessão de ensaio um espaço de composição e arranjos. Jogamos os trechos de música que alguém trouxe e começamos a tocar e improvisar em cima dela criando juntos o que pode vir a se tornar uma música de fato. Essa nova dinâmica e seu resultado pode ser visto justamente no EP “Keep On Naked”, ali trabalhamos juntos
em todas as músicas, mesmo nos novos arranjos das existentes no “Get Naked”. Foi uma grande evolução para a banda e para a nossa música e hoje não conseguimos mais imaginar fazer de outra maneira.
 
O processo é bem livre, e já chegamos a mudar totalmente uma música porque criamos linhas mais interessantes e aí a intenção da canção mudou e no que mudou, a letra parecia “light” demais, ou sem mostrar a mesma pegada da
harmonia e melodia então mudamos a letra também pra que ficasse alinhada com a proposta da música. Ultrapassamos o “apego” e quando um determinado trecho não combina ou encaixa mais a gente deixa de lado pra quem sabe aquilo se tornar outra música... Eu realmente não consigo imaginar um músico que não se permite criar, porque apesar de sofrido as vezes, frustrante quando rola a sensação de ficar batendo a cabeça sem uma solução pra determinado arranjo ou composição, quando saímos de um ensaio esgotados e sem chegar a lugar algum, pensando:
“acho que não sei fazer isso!”, quando conseguimos ultrapassar essa barreira da frustração, a gente entra na sala no outro dia, começa a tocar e as ideias se organizam e finalmente se resolvem é uma sensação simplesmente INCRÍVEL!

A banda tem a pretensão de mudar a forma de composição ou os temas serão ligados a liberdade de expressão?

Juh - Não pretendemos mudar mais essa nova dinâmica conforme falei acima, mas também não criamos um padrão imutável. E os temas saem de acordo com o que vem de sentimento na época, no momento. As vezes estamos passando por algo ou lembrando de alguma coisa, vem uma ideia e a gente bota no papel. De repente surge uma música que casa perfeitamente com determinada letra que estava lá guardada no nosso “caderninho” ou a gente aparece com uma letra ou trechos e alguma ideia de melodia num ensaio e daí nasce uma música nova. Nossa ideia de liberdade começa dentro da própria dinâmica da banda de não ter REGRAS pra nada.

Agradecemos muito a entrevista. Deixe a mensagem da banda para os nossos leitores, como adquirir os materiais da banda e o que mais quiser dizer.

Juh - Sempre digo que dependemos dos fãs de ROCK para garantir novas gerações de bandas, músicas, hits. As bandas consagradas já foram bandas de bairro. Apoie a cena local, não ouça só o que já é consagrado, escute o novo, apoie o novo, vá a shows de bandas autorais mesmo sem saber cantar, pode ser que você descubra
algo que ama e vai ser questão de minutos aprender a cantar. Não deixe o rock morrer! Quem pode nos matar não são os fãs de outros estilos, são os fãs de Rock! Vida longa ao Rock n Roll.
 
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Fim da Entrevista