1 - Nos fale do início das atividades da banda?
Denilson: A banda começou em meados de 2006, a partir de conversas entre o Júlio, o Érik e eu. Começamos a ensaiar como um trio e em 2017 convidamos o João para conhecer o projeto. Logo de cara rolou afinidade entre as ideias, a proposta inicial da banda sempre foi investir em músicas próprias e lembro que nos primeiros ensaios o João já trouxe contribuições para riffs, letras e inclusive sugeriu o nome Dysnomia.
Depois de consolidar a nossa formação buscamos um amadurecimento para a banda, para isso sempre ensaiamos muito, focamos em compor e em melhorar nossos shows. Daqueles tempos até os atuais muitas coisas rolaram, como ter a
experiência de gravar uma demo-tape por conta em um único fim de semana,lançar nosso EP, ter a experiência de lançar dois álbuns dos quais nos orgulhamos, trabalhar junto com a galera da Metal Media e principalmente tocar em locais incríveis sentindo uma puta energia do público, e é isso que nos mantém motivados a continuar tocando.
2 - Desobediência Civil,quebra de paradigma!. A banda veio para romper com o status quo definitivamente?Explane mais sobre a origem do nome da banda?
João: Creio que o metal e o rock, assim como outros gêneros que fizeram/fazem parte de movimentos contraculturais, como o punk e o hip-hop tenham isso em sua essência, a questão do inconformismo e do protesto...e isso se estende à
arte de um modo mais geral. A criação artística sempre parte de um questionamento em relação ao que nos rodeia e coisas com as quais não concordamos, ou que nos incomodam. O nome remete justamente a isso, na mitologia grega Dysnomia era a filha de Eris, deusa da discórdia, e personifica a desobediência civil e a ausência de regras...e muitas vezes, na busca por mudanças, torna-se necessária essa ruptura com os moldes pré-estabelecidos.
3 - Morte, guerra, e loucura. Esses temas abordados nas letras da DYSNOMIA serão para sempre ou vocês tem outros focos á vista pros próximos discos?
João: Na verdade eu diria que as letras vão bem além desses temas; temos muitas letras inspiradas em temas literários e filosóficos variados, algumas que tocam em temas políticos, e a despeito de terem diversas fontes de inspiração elas muitas vezes partem da experiência pessoal e tem uma forte carga subjetiva; a ideia é justamente sair um pouco do escopo das letras de Death/Thrash Metal mais tradicionais. Bem, não sei até que ponto somos bem- sucedidos nisso mas é o que tentamos fazer. A faixa “Sertões” por exemplo é inspirada na literatura brasileira e na cultura popular da região nordeste do país,que é riquíssima e muito bela, e creio que ela se destaque em relação às outras faixas, ainda mantendo, no entanto, a coesão.
4 - Depois de algumas mudanças,parece que a banda se estabilizou?
Érik: Na verdade a banda sofreu, dentro dos seus dez anos, apenas uma mudança de formação, que foi a saída do guitarrista Julio Cambi para a entrada do Fabrício Pereira que aconteceu durante o processo de composição do
Anagnorisis. Após esses quase dois anos que o Fabrício faz parte da banda, com certeza posso lhe afirmar que a banda nunca esteve tão coesa e focada em seus objetivos de forma unificada.
5 - Porque demoraram tanto para lançar o primeiro álbum completo?
Érik: Após o lançamento do EP As Chaos Descends em 2013 pudemos ver sua excelente aceitação, e decidimos buscar um material ainda mais profissional em termos de composições e de produção para nosso álbum de estréia, afinal seria
a primeira impressão. Para isso houve investimento financeiro considerável para nossa realidade e também muito tempo investido para chegar onde queríamos. Apesar de sabermos da necessidade de se ter uma continuidade para alimentar os fãs da banda, priorizamos a qualidade e ficamos extremamente satisfeitos com o resultado.

6 -Anagnorisis mostra uma brutalidade do thrash que pode confundir com Death metal. A banda pretende seguir esse caminho em futuros lançamentos?
Erik: Não só o Anagnorisis como o Proselyte também apresentam essa característica. Se você analisar detalhadamente nossas composições, perceberá que tem muitas outras vertentes do metal e fora dele inseridas em meio as passagens mais conhecidas do estilo. Temos músicas que contam com características extraídas do Baião e que vão até o Death Metal extremo, por exemplo. Contudo, essa mescla sempre foi uma característica do Dysnomia e a tendência é explorá-la cada vez mais, inclusive acrescentando elementos novos, mas sempre priorizando o som pesado e agressivo que fazemos.
7 - Como está sendo a receptividade do ANAGNORISIS, já que ele pode ser ouvido também nas plataformas digitais?
Denilson: A receptividade do álbum tem sido ótima, assim que foi lançado saímos em tour pela américa latina e tivemos uma ótima aceitação do material por lá.
Estávamos ansiosos para saber qual seria a receptividade no Brasil e desde que iniciamos a Brazilian Anagnorisis Tour temos recebido um ótimo retorno do público e das mídias especializadas.
Acredito que a experiência do Proselyte nos ajudou a trilhar o caminho de produção do Anagnorisis de uma maneira mais madura e isso acabou refletindo na qualidade do material. Por sorte estamos sempre ouvindo destaques para as composições, produção e arte gráfica desse novo material.
Sobre a disponibilidade do álbum, a partir de uma parceria entre Voice Music e Metal Media disponibilizamos o Proselyte e Anagnorisis nas principais plataformas digitais como Spotify, Deezer, Youtube, Itunes, Amazon entre
outros. Para quem ainda não ouviu, confiram!!!
8 - Qual a análise vocês fazem do metal no Brasil de Hoje (Shows,imprensa,público)?
Erik: Esse assunto é bem amplo, mas tentarei ser breve em meu ponto vista.Estou na cena, somando como headbanger e músico, há uns 20 anos e minha visão de ambos os lados seria que os shows, estruturalmente falando, não
tiveram avanços consideráveis. Os produtores ainda cometem os mesmos erros e oferecem o mesmo mínimo de sempre. Falando um pouco das bandas também; muitas bandas estão na cena pela diversão, por curtição e acho isso
muito massa, porém quando se busca algo mais sério junto aos produtores a coisa complica. Dessa forma, vejo que tudo isso são engrenagens de um sistema que tem como parte principal o público. Para se ter bons níveis
estruturais e boas bandas nos eventos é necessário investimento e o produtor, para investir, calcula tudo e no final as contas tem que bater, se não a coisa se torna insustentável, e o que traz sustentabilidade a isso tudo, incluindo as
bandas, é o público comparecer aos shows e adquirir merchan das bandas,afinal, é daí que vem a grana pra gravações e tudo mais.
Diariamente, todos nós estamos sempre buscando algo melhor, uma vida melhor, então muitas vezes não é tão fácil ir a shows. Eu mesmo, além de baterista, sou estudante de Engenharia e isso ocupa muito do meu tempo, porém sempre que posso tento frequentar e apoiar a cena. Mas, sendo bem sincero aqui, as vezes não me animo tanto a comparecer quando já sei que tocará uma banda legal mas que o som, etc. estará horrível. Talvez isso é o que faz também a molecada de hoje ficar curtindo em casa. E vendo isso acho que as bandas deveriam ter em mente que o show não deve ser uma reprodução do disco apenas, pois é esse algo mais que faz a galera dedicar um tempo e uma grana pra assistir.
9 - Finalizando, gostaria de agradecê-los pela entrevista. Fiquem a vontade para deixar o recado para os fans?
Erik: Primeiramente, nós que agradecemos pelo espaço que nos foi aberto aqui pra batermos esse papo, gostaríamos de agradecer também às marcas que nos apoiam: Avs Bags, Nova estudio, Vinil Drums Customizações, Estampa
extrema, Hell bodyarts e à nossa assessoria Metal Media e principalmente a galera que frequenta nossos shows e que nos ajuda comprando cds, camisetas,etc., pois sem isso não haveria o Dysnomia. Enfim, continuem nos acompanhando em nossas redes sociais que o Dysnomia tem muito a render ainda.
Fim da Entrevista